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Versões definitivas estão mudando como jogamos?

Quando esperar virou parte da experiência gamer

Por automaton-media.

Nos últimos anos, o hábito de lançar jogos no formato padrão e, depois, revisitar essas obras com versões definitivas começou a impactar diretamente o comportamento dos jogadores. E, de forma bem pessoal, isso também moldou a maneira como eu decido quando comprar um jogo.

Eu não deixo de comprar um game no lançamento apenas porque sei que uma versão definitiva pode aparecer daqui a alguns anos. Para mim, tudo depende do apelo imediato: se o jogo conversa comigo naquele momento, eu vou querer jogar na hora. Mas, ainda assim, não dá para ignorar como o marketing orgânico ganha força quando uma edição definitiva chega — às vezes, mais força até do que no lançamento original. A comunidade revive, comenta, compara, cria conteúdo… e tudo isso me faz pensar se essa “segunda vida” não acaba sendo mais forte que a primeira.

O alerta veio da Sega

Segundo um relatório divulgado pela Sega Sammy Holdings, a própria empresa percebeu que esse movimento pode estar influenciando negativamente as vendas no lançamento. Em um resumo de uma sessão de perguntas e respostas com acionistas — referente ao segundo trimestre do ano fiscal que termina em março de 2026 — a empresa discutiu uma queda repentina no desempenho de jogos de catálogo e oscilações de receita que surpreenderam os investidores.

Mesmo com vários títulos elogiados e recebidos com entusiasmo pela crítica nos últimos anos, a Sega admite que as vendas ficaram abaixo do esperado. Entre os possíveis motivos levantados: concorrentes fortes nos mesmos gêneros, preços de lançamento… e um fator que chamou atenção: jogadores aguardando versões definitivas.

“Embora não tenhamos identificado uma causa precisa, acreditamos que o problema também está em nosso marketing, que não conseguiu transmitir de forma suficiente o apelo dos nossos jogos.”

Ou seja, não basta lançar — é preciso convencer os jogadores de que vale a pena entrar agora, e não esperar a “versão completa” que talvez chegue daqui a alguns anos.

Atlus e o ciclo das versões revisadas

Embora Sega não tenha citado títulos específicos, muitos jogadores japoneses apontaram o padrão nos lançamentos da Atlus. Shin Megami Tensei V saiu em 2021. Três anos depois, em 2024, veio Shin Megami Tensei V: Vengeance, uma edição expandida que reforçou a fama da Atlus de relançar obras com conteúdo adicional — algo já comum na série Persona.

Esse tipo de ciclo cria um comportamento natural no público: por que comprar no lançamento se uma versão melhorada pode chegar por um preço parecido, com tudo incluído e já polida de atualizações?

O caso Metaphor: ReFantazio

O RPG Metaphor: ReFantazio da Atlus vendeu 1 milhão de unidades logo no primeiro dia — um marco gigantesco para a Sega. Mas, segundo o GameRant, o ritmo caiu rápido: foram necessários seis meses para dobrar esse número e atingir 2 milhões. É um ótimo desempenho, mas com uma queda de interesse mais acentuada do que o esperado.

Entre vários fatores possíveis, a sombra de uma suposta versão definitiva sempre aparece nas discussões. Em outras palavras, existe uma fatia de jogadores que prefere esperar a edição completa — mesmo que isso signifique ficar de fora do “momento cultural” do lançamento.

Reflexão final

No fim das contas, a pergunta que fica é simples: se as empresas acostumam o público a esperar por versões definitivas, não é natural que ele espere mesmo? Eu sigo comprando quando o jogo me chama. Mas confesso: as versões definitivas sempre movimentam a comunidade de um jeito especial.

E você? Compra no lançamento ou prefere esperar?